sábado, 15 de outubro de 2011

Capitulo 1 - Tainara volta para a família.



Tainara se olha no reflexo da água da piscina. Era a ultima vez que teria que entrar dentro daquela piscina e se esforçar ao máximo fazendo o que a professora pedia. Tinha tomado uma decisão. Iria largar a natação. Já não precisava.  Desde que tinha sofrido o acidente de carro, vinha se tratando no Rio de Janeiro para não perder os movimentos das pernas.  O médico alertara os pais de que se ela não fizesse natação a cadeira de rodas poderia ser pepertua.  Mas Tainara venceu. Agora anda com as próprias pernas e não precisava mais fazer aquelas malditas aulas de natação, entrando naquela água fria toda manhã.
A professora, uma mulher magra e cheia de rugas, com um coque ruivo na cabeça se aproxima e fala séria.
- Os exercicios não devem parar. Tente ao menos dar uma corridinha em volta da praia toda manhã.
- Eu vou voltar pra Goiânia. – Diz Tainara séria.
- Mas você não ia se casar?
- O Antônio aceitou ir pra minha cidade. Sei que seremos muito felizes lá.
- Você sabe o que eu acho. Você deveria ficar e se interessar mais pela natação. Você leva jeito. Pode virar uma esportista.
                - A natação só trás lembranças que eu quero esquecer Julia. Não adianta.
                - Se você pensa assim. Mas acho que Deus usa os momentos dificeis para nos darmos boas oportunidades de crescer. E você que não está vendo isso. Aproveite o dinheiro que você gastou vindo para o Rio.
                - Não fui eu que paguei nada. Minha tia pagou pra mim.
                - Ela é muito generosa.
                - Ela é muito rica. E não sabia o que fazer com o dinheiro que estava roubando das suas funcionarias da confecção.
                - Espero que você  aprenda a dar mais valor nas oportunidades que a vida de dá.
                - Adeus Julia.

                Tainara sai do grande prédio de fisioterapia de Santa Clara e entra no carro onde um rapaz dirigia. Ela o beija e os dois falam rindo.
                - Meu irmão vai ficar com o carro. Minha mãe não gostou nada da idéia.
                - O que ela falou? – Fala Tainara com cara risonha.
                - Falou que estou jogando meu futuro no lixo me mundando para um cidade simplora.
                - E seu pai.
                - Ele achou um maximo ver o filho perfeitinho dele se rebelando.
                O carro sai pela rua e para a cinco quadras e entra num apartamento. O casal abraçado carregando varias sacolas sai do elevador e entra em seu apartamento.  Tainara vai direto pra cozinha e o rapaz vai ao quarto ambos com varias sacolas.
                - Eu comprei novas roupas pra você, e reservei as três horas pra gente ir. – Fala Tainaria do quarto. – Está bom pra você Edgar?
                - Está ótimo meu amor. Mas seus famíliares sabem a hora que vamos chegar?
                - É logico que não. Quero fazer uma surpresa. – Diz ela rindo e encontrando com eles no corredor. – Eu não contei pra eles nem que eu vou me casar.
                - Como não Tainara? Você quer matar seus pais?
                - Vou chegar andando e com o meu principe encantado do lado.

                Logo o avião de Rio de Janeiro para no Aeroporto de Goiânia. Tainara e Edgar descem do avião cheio de malas e pegam um taxi. Ambos emocionados com a chegadas a pacata cidade de Goiânia.
                Mas o trânsito impossivel faz eles chegarem tarde na rua onde Tainara passou a infância e se surpreenderem com a quantidade de gente na casa simples do centro.
                - Uai moça, parece que a senhora tem uma recepção. – Fala o taxista rindo.
                - Mas eu não falei que iria chegar.- Fala Tainara estranhando.
                Mas quanto mais o carro vai se aproximando, mas eles percebem a cara da multidão era de tristeza e não de alegria. E ao parar na porta Tainara de mão dadas com o namorado percebe um grande caixão dentro da sala da casa.
                Tainara desce as pressas do taxi, seu namorado se encarrega de descer as malas. Ela corre até a sala e vê uma mulher chorando em cima do caixão. Era sua mãe.
                - Mãe?
                A mulher levanta o rosto. A pele morena da mesma tonalidade da filha, mas cheia de rugas e bem magrinha e baixinha.            
                - Tainara? Filha? É você?
                A mulher abraça a filha não dando tempo da menina ver quem era a pessoa no caixão.
                - Cadê meu pai? Minha irmã? – Pergunta Tainara assustada.
                - Você está andando filha?
                - Quem morreu?
                - Calma filha. Foi sua tia Zuleny.
                Tainara vai até o caixão e vê com pavor a face de sua tia branca com algodão no nariz.
                - Como ela morreu?
                - Teve um ataque do coração filha. As funcionarias delas descobriram a faucatrua dela na empresa, e ameaçaram leva-la a justiça. Ela deu tempo de organizar o pagamento de cada uma e escrever esse testamento.
                A mãe tira do bolso da saia um papel. E Tainara tenta ler, mas os olhos cheios de lagrimas não deixa. A mãe fala com carinho.
                - Sua tia te amava de mais Tainara. E como prova disso pagou todo seu tratamento no Rio de Janeiro e quando morreu deixou a única coisa que lhe sobrou. A confecção dela.
                - Ela deixou o que?
                - Nos iamos te falar. Mas esperavamos a noticia de sua melhora. Não queriamos piorar o seu rendimento na fisioterapia.  Venha filha se sente.
                A mãe puxou Tainara para a cozinha e lá encontra um homem já idoso de bigodes grandes tapando a boca.
                - Minha filha.
                - Pai. – Os dois se abraçam com carinho.
                - Sabia que você iria aparecer andando assim a qualquer momento. Eu falei pra sua mãe ontem mesmo.
                - Eu quero apresentar uma pessoa muito especial pra vocês dois. É meu noivo. Cadê ele? – Tainara olha em volta e não vê o rapaz em meio a multidão.
                - Calma Tainara. Ele foi apenas colocar suas malas no quarto. – Disse um dos rapazes que Tainara reconheceu como seu primo.
                Edgar carrega as malas até o quarto e ao chegar lá encontra uma linda mulher arrumando o cabelo. Ela era a cara de Tainara, só que os cabelos eram curtos e rebeldes e as roupas bem mais vulgares.
                - Bom dia rapaz? Quem é você?
                - A Tainara acabou de chegar. Onde posso colocar as malas dela? Eu sou o noivo dela. Edgar.
                - Muito prazer. – Diz ela rindo e segurando a mão do rapaz depois dele colocar as malas no chão.
                - Sou a irmã da Tainara. Tainá a seu dispor. – Diz ela saindo pela porta com um sorriso malicioso.